Meu
avô Durvalino tocava violão o dia inteiro; meu pai assobiava, escrevia,
tocava violino, falava de música direto e colocava discos dos grandes
clássicos pra gente ouvir; meu irmão Mauro me apresentou ao instigante
mundo da guitarra elétrica; meus amigos sempre foram caras ligados em
música; enfim, foi quase inevitável começar a tocar.
E eu estou sempre
começando, mesmo. Existe um certo acúmulo de
experiências e tal - nada comparado aos mestres que ainda temos entre
nós, claro -, mas, realmente, as descobertas e a sensação de algo novo
são constantes. Poder conviver com alguns músicos que têm a sabedoria e a
inevitável (e sincera) humildade por ter consciência deste incessante
aprendizado é uma honra, um grande aprendizado e um grande prazer.
E é
legal que tenha um dia pra trazer a atenção das pessoas para a
importância do músico, ok, mas, pra quem ama a vida que está na música,
ser músico é todo dia, claro. Num workshop, em 1996, ouvi o guitarrista
Mike Stern dizer "se você QUER ser músico, vá trabalhar com outra coisa;
mas, se você TEM QUE ser músico, é a melhor profissão do mundo". Ouvi
de alguns instrutores de yoga "você é músico? Ah, então você já se
desenvolve espiritualmente". Também me lembro de um relato no qual o
fantástico saxofonista Sonny Rollins conta que, durante um período num
ashram na Índia, ele teve dificuldades para meditar e, ao conversar
sobre isso com o guru, este tranquilizou-o: "Não se preocupe; você é
músico, já medita enquanto está tocando".
Feliz vida de músico para quem
o é por uma real necessidade do Ser.
Abraço,
Michel
(Foto de Alexandre Panebianco)
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