domingo, 20 de agosto de 2006

Caindo e levantando. Caindo de novo, me ralando no chão, me sujando na lama e "tudo bem, vou me levantar"... Aí, com muito esforço, me levanto. Em seguida, começa tudo de novo.
Tocando eu sinto isso, e no dia-a-dia também.

Dessa vez não vou brindá-los com maravilhosas frases de pessoas grandiosas, postarei uma humilde (e talvez bagunçada) reflexão sobre um aspecto que considero importante para a evolução.
Aí alguém diz "Xi, lá vem papo-cabeça!"
É isso, as pessoas não querem se meter em 'papos-cabeça', talvez por medo de ter que enfrentar suas falhas, seus vícios. São os fracos, os que vivem numa ilusória 'zona de conforto'.
Na música acontece isso demais, como nesse exemplo, muito comum hoje em dia: acaba o som e ninguém conversa sobre! Fica sempre um querendo mostrar pro outro que "foi tudo bem" ou que "está tudo bem", mesmo quando não foi e mesmo quando não está... E, logo em seguida, vêm os sorrisinhos, a hipocrisia, os tapinhas nas costas...
São poucas pessoas com as quais se pode levar um papo de igual pra igual, sem máscaras.
É claro que o melhor - no caso da música - sempre é tocar! A música fala por si. Mas, às vezes uma conversa, ou mesmo uma frase, pode mudar sua vida. Isso já aconteceu comigo em algumas oportunidades, e sou muitíssimo agradecido às pessoas que romperam a barreira do "tudo bem", conversando comigo abertamente sobre algo que perceberam que poderia melhorar. E (o melhor) sem o tom professoral, sem arrogância...
Isso é, ao meu ver, responsabilidade daquele que tem consciência das coisas que o outro não está enxergando, além de um ato de generosidade, de nobreza.
Claro que é preciso haver uma grande empatia e um grande respeito mútuo pra isso rolar, caso contrário, vira uma coisa perversa.
Existem histórias a respeito do quinteto do Miles Davis - com Wayne Shorter, Herbie Hancok, Tony Williams e Ron Carter - narradas pelos próprios músicos do grupo, que contam que existia um diálogo constante entre eles. Depois dos shows, eles se reuniam pra falar sobre o que tinha rolado, trocavam idéias abertamente, enfim, tinham uma atitude de quem realmente quer evoluir.
Se esses caras - que são músicos exemplares e que fizeram história - faziam isso na década de 60, porque não se faz isso hoje? Somos superiores?
O questionamento que faço não é por achar que os americanos são superiores não! Muito pelo contrário... Deixo esse sentimento para os babacas que não acreditam no próprio potencial e que alimentam um complexo de inferioridade em relação aos norte-americanos e europeus. A questão é: porque não se conversa sobre como melhorar?

Se o problema é porque convivemos com pessoas que não dão espaço pra esse tipo de convívio sincero, é melhor nos perguntarmos sobre a validade dessas relações. Uma das maneiras de evoluir, então, talvez seja "deixar a bagagem inútil - ou esses 'malas' - pra trás". Concorda?
(Dentre esses "malas" quero incluir os arrogantes, os ambiciosos vorazes, os músicos exclusivamente "marketeiros" e os "músicos de diploma" - essa nova categoria de malas profissionais... Xô!!!!!!!!!)

E é sempre válido, também, um exame de consciência, pra ver se estamos proporcionando condições para um bom convívio das pessoas conosco, claro! Estar alerta pra isso é indispensável. Para ajudar nisso, postei várias frases de Paramahansa Yogananda e de Mahatma Ghandi que falam sobre humildade anteriormente aqui no blog, é só procurar.

Evoluir juntos, esse é um grande desafio e uma meta.

Amigos, tenham uma bela semana!
Um grande abraço,
Michel

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa Michel, Parabéns pela bela reflexão cara! Deus te abençoe mano!

Leonardo Jr. disse...

Acredito que isso se deva grandemente ao fato de que na sociedade hoje em dia, o que prevalece é a individualidade, o EU.

Eu tenho que ser melhor do que todo mundo para vencer. Não basta ser bom, tenho que ser o melhor.

Infelizmente as pessoas esquecem das pessoas. O que cada vez mais importa é dinheiro, status. As pessoas são só um detalhe.

Mas existe esperança. Enquanto houverem pessoas que lidam com pessoas, que emocionam e se deixam emcionar, que ouvem e falam, que sorriem juntas, que choram juntas, enquanto essas pessoas estiverem por aí, há esperança.

E existe uma esperança muito maior. Mas nessa eu falou outro dia qualquer...

Grande abraço Michel!