sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

CD "Michel Leme 9" - um breve histórico


Amigos e amigas,

Em novembro passado chegou da fábrica o meu novo CD, ele chama-se “9”. A razão para o título é simples: é o meu nono lançamento oficial. Já rolaram algumas entrevistas muito legais a respeito, mas eu senti a necessidade de, além de disponibilizar as partituras dos temas e passar informações técnicas, descrever o processo do meu ponto de vista, desde o início.

Obrigado e abraços,
Michel Leme
 

COMEÇO

Em janeiro de 2014 eu juntei alguns temas novos compostos depois do lançamento do CD "Na Hora", de 2013, e fiz um ensaio - que chamamos de ensaio bienal, que é o que realmente acontece - com o Bruno Migotto e o Bruno Tessele. Logo depois, em abril, pintou um show no Sesc Campinas, que seria para lançar o "Na Hora", mas tocamos apenas estas músicas novas. Este show está na íntegra aqui: http://youtu.be/ZQDRe40ab_0 

Nesta mesma época eu já estava a fim de adicionar o amigo pianista Felipe Silveira ao grupo. De fato, foi o primeiro e único cara que imaginei embarcando neste time que toca junto desde 2008. Eu e o Felipe tocamos juntos desde 2008 também e sempre foi legal, muito longe de todas as possíveis babaquices que possam acontecer entre pianista e guitarrista. Ele - assim como o Migotto, Tessele e os vários outros amigos e grandes músicos com os quais venho tocando - realmente ouve o que está sendo tocado no momento. Convidei-o para embarcar no grupo em maio e ele aceitou.

SALA


Depois de tocar em umas três edições do projeto "Quarta Instrumental" no salão da igreja Betesda de Diadema, que tem um grande reverb natural, e depois de perceber que o melhor som de batera do disco "Na Hora" estava nos takes gravados no auditório da Virtuose, que é bem vivo, eu visualizei a Betesda para ser a locação da gravação do próximo disco. Não me ocorreu nenhum outro lugar, pra falar a verdade. Conversei, então, com o Miguel Garcia, amigo músico, guitarrista e poeta que conheço há tempos, contei a minha idéia e ele topou ceder o salão pra gente na hora. Dias depois eu levei o Flávio “Tsunami” Tsutsumi, que grava meus discos desde 2010, para conhecer o salão. O Tsunami bateu umas palmas lá e disse que seria ótimo. Então, marcamos a gravação para o dia 31 de julho, uma quinta-feira.

PRIMEIRO SOM EM QUARTETO

Antes de gravar, fizemos nossa primeira apresentação com o Felipe Silveira no Sagrada Música - som que acontece desde 2010 na frente do Espaço Sagrada Beleza, no bairro do Campo Belo (SP) - em 27 de julho de 2014, cinco dias antes da data marcada para gravar. Muitos podem achar que apenas uma apresentação antes de gravar um disco é pouco tempo para "esquentar" um grupo, mas, em se tratando destes caras e dos temas em questão, senti que deveria ser assim, sem enrolar muito e meio que “no susto”.

Tem um vídeo da gente tocando “Gentleman” neste primeiro som: http://youtu.be/wbjcVMgyk0o 

Nos primeiros compassos dessa manhã no Sagrada Música eu já saquei que estávamos começando um novo grupo. 

SESSÃO DE GRAVAÇÃO

No dia 31 de julho, chegamos às 10h da manhã na Betesda. Montamos tudo, passamos o som e almoçamos. Lá pelas 14h nós começamos a gravar. Valeram três takes: “Abrindo as portas” - que os caras nunca haviam tocado, mas que é muito tranqüilo, apenas uma pequena abertura -, “Siga aquele diploma!” e “14”. Ao final desta “primeira entrada”, ouvimos tudo e decidimos gravar “Elvin Jones”, “Gentleman” e “70s” de novo. Então, tomamos um café da tarde e começamos o segundo set lá pelas 17h e pouco.

Comentário: gravar num salão com tamanho reverb e com todos os instrumentos vazando no microfone do outro impossibilita qualquer correção depois, mesmo que seja uma única nota. É um grande risco, claro. Só que esse risco compensa no resultado; a música tem vida, simplesmente. Gravar assim não se compara com nenhuma outra maneira. Ao final, ficamos todos satisfeitos e às 19h já estávamos desmontando tudo.

A Taty Catelan nos fotografou gravando. Gosto muito do trabalho dela, que também faz parte do encarte do CD “Na Hora” e da capa do DVD “Arquivos – Vol.1” de 2014.

Nos próximos dias veio a mix, master, arte gráfica – tudo executado pelo Flávio Tsutsumi com os meus pitacos – e, resumindo, em 19 de novembro de 2014 as mil cópias do “9” chegaram da fábrica Laser Disc.

TEMAS

“Abrindo as portas” é uma pequena abertura. O tema surgiu tocando numa tarde na Luthieria.Net – onde rola som desde 2010 -, com o Nino Nascimento e o Ivan de Castro. Tem o vídeo desta apresentação e o tema em questão era “Ornetto”, um rhythm-changes que gravei no CD “Na Hora”. Eis o momento em que surgiu o tema: http://youtu.be/9JeNaAOlkgQ?t=7m57s

Coloquei este título influenciado pelo termo que a prima do John Coltrane usa para contar uma passagem no livro “A Love Supreme” de Ashley Khan. Também tem a ver com “abrir os trabalhos” ou “abrir as portas da percepção”. 



“Gentleman” é um cha-cha-cha como vários outros que gravei. Eu gosto muito desse ritmo, porque dá muita abertura para variações rítmicas. Dedico este tema ao Edgard Teixeira, pai do Cuca e do Wilson, que era um verdadeiro gentleman, uma cara queridíssimo que deixou muitas saudades. 



“Elvin Jones” é um jazz em 4/4 com um tema muito simples e uma estrutura harmônica que é um misto de blues menor com o tema “Sunny”. Achei, desde que surgiu, que era bem no clima dos grupos do Elvin Jones no meio da década de 70, então aproveitei para fazer uma modesta e despretensiosa homenagem a este monumental músico.



“Siga aquele diploma!” é um rhythm-changes em Bb que nasceu com uma melodia que tinha um desfecho diferente nas partes A. Surgiu quando eu estava testando o equipamento antes de tocar com o Migotto e o Tessele numa edição do Sagrada Música. Aqui tem essa primeira versão da melodia: http://youtu.be/pWVRSugiPDY?t=1m45s Depois eu encurtei o final das partes A e achei mais legal, menos clichê. Ouça a versão que está no CD “9” aqui: https://soundcloud.com/michellememusic/siga-aquele-diploma

 
“14” é uma balada cuja parte principal tem 14 compassos. Eis o motivo do título. Adoro tocar baladas, é um grande desafio e um grande prazer, e essa tem sido importante na dinâmica das apresentações desse grupo. 



“70s” foi o último tema composto para este disco. Compus entre maio e julho, e apresentei para os caras pouco antes do som do dia 27/7/14. A melodia da parte A foi improvisada num som que fiz com o Migotto e o Jônatas Sansão na Virtuose. Ela surgiu em Gm, e, na oportunidade, foi uma introdução para “Povo” do Freddie Hubbard. Quando assisti ao vídeo eu gostei da melodia, aí eu tirei, passei pra Bbm e “70s” começou a tomar forma. Eis o momento em que surgiu: http://youtu.be/HJWTgsfLyxA É um funk - o primeiro que gravo num disco meu - com uma levada bem solta que me remete à atmosfera dos anos 70, época da qual me lembro de pouquíssimas coisas, porque eu era muito moleque (nasci em 1971), mas o pouco que está na minha mente é muito, muito legal. É como se naquela época fosse outro planeta, muito diferente deste atual. Ouça a versão do CD “9” aqui: https://soundcloud.com/michellememusic/70s

 
 APOIO CULTURAL

Este disco tem o apoio cultural das seguintes empresas parceiras: D’Addario, EM&T, Espaço Sagrada Beleza, Luthieria.Net, Rotstage, Sho’You audio & vídeo, Tecniforte e Timbres. Agradeço a todos pela confiança e real parceria

PARA ADQUIRIR

O CD “9” está disponível nas lojas Aqualung, EM&T Jabaquara, Free Note, Prema Yoga, Pop’s, Luthieria.Net, Virtuose Escola de Música, WMusic (Santos), Arlequin (RJ), Pop’s e a Tratore está distribuindo para que chegue em outros Estados do Brasil. Também está disponível no iTunes http://itunes.apple.com/us/album/id948067054 Samba Store e Spotify. Você também pode adquirir enviando email para michel@michelleme.com e receber em casa via depósito em conta.

LINKS


VIDEOS

Depois da gravação do “9”, rolaram algumas apresentações tocando com o time do disco e uma em trio - e foram gravadas na íntegra!


Quarteto no Sagrada Música em 14DEZ2014:


2 comentários:

Marcelo Zarske disse...

Muito legal cara!

Michel disse...

Valeu, Zarske! Abração e muito som!
Michel