quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Gravando o A.R.M.

Amigos,

Desde 2008 estou envolvido no projeto chamado "A.R.M.", que é uma banda de rock formada por Rodrigo Grecco (vocais e baixo), Armando Cardoso (bateria) e este que vos escreve (guitarra).

Conheço o Grecco há uns 22 anos, e em 2008 ele veio com algumas músicas prontas, falou da vontade de fazer esse som comigo e eu abracei o trabalho porque curti as musicas na hora. Então, rapidamente, começamos a ensaiar e arranjar em grupo. O Armando, conhecido entre os amigos como "Lobão", já que rola uma semelhança física com aquele Lobão que todo mundo conhece - e, aliás, os dois estão tocando juntos hoje em dia -, eu conheci nos anos 90, ficamos amigos e eu sempre gostei do som que ele faz.

As músicas são pesadas, as letras são em inglês, os riffs são brutos e rolam ondas variadas dentro do universo do rock'n'roll sem frescuras.

Estréia do A.R.M. no café PiuPiu, 19 de agosto de 2010. Foto de Flavio Tsutsumi

A gravação

Gravamos um teste há uns dois meses, foi a música "You were searching for me" com o técnico Paulinho Brancaccio, do estúdio Diesel. Sendo breve: ficou um puta som, ficamos todos felizes, e ela já valeu como a primeira do disco. Então, estamos gravando tudo com o Paulinho.

Bateria, baixo e guitarras estão sendo gravados separadamente pra ficar mais prático: o Armando já tem as estruturas todas das músicas na mente e gravou tudo em 2 dias. E isso rolou junto com o Grecco, que também já gravou os baixos em outra sala, na técnica. A voz será colocada na semana que vem.

Guitarra: toquei tudo até agora com a minha modelo "M" da Music Maker, projetada pelo luthier Ivan Freitas e por mim - a única exceção foi a primeira música, aquela do "teste" de dois meses atrás quando a "M" nem estava pronta: gravei com uma PRS SE (modelo que chamo "Sem Estirpe"), coreana, toda modificada, mas legal, e que, inclusive, está à venda. As seis músicas que gravei com a modelo "M" (faltam só mais duas no presente momento) muito me agradaram logo de cara, ficou uma massa sonora nas bases e um timbre bonito nos solos. E, mesmo eu estando com ela há poucos dias - fiz a estréia dela no dia 09/12 com a banda SANGUE -, parece que somos velhos conhecidos!

Algumas características da modelo "M": o acesso à 22ª casa é totalmente livre; a pegada do braço é um pouco mais fina que uma Les Paul; a ponte é fixa (tune-o-matic); os trastes são de inox; e, enfim, é muito gostosa de tocar! (aguarde uma matéria completa da Music Maker modelo "M" aqui no blog, com todo o processo de concepção e construção)
Estréia da Music Maker modelo "M", 09 de dezembro de 2010. Show de estréia da banda SANGUE. Foto de Liana Nakao.

Cordas: D'Addario XL .011; afinação: meio-tom abaixo; captadores: Cabrera, modelo GT-3 - o Ivan Freitas me disse que ninguém havia usado ainda, inclusive - digo isso só como curiosidade...

Amplificador: Rotstage Libra 100, também meu modelo-assinatura. No volume 2 e meio ele já é de uma brutalidade incrível... E, como o ampli tem um som quente, muito limpo, a 50% do volume ainda não distorce - por ter válvulas 6L6 e pelo projeto em si; eu sempre quis um ampli valvulado que fosse realmente limpo e só fui enganado pelos importados -, eu usei um pedal distortion também da Rotstage, que é uma belíssima novidade na linha de produtos deles. O pedal tem o som que eu estava procurando: mais aberto e pesado, mas sem embolar nos graves - tem um post sobre esse pedal aqui no blog também, é só procurar, tá fácil. Estou curtindo muito o som que está rolando.

Efeitos: delay em alguns solos, e só! Não rolou de usar nem wha-wha, nem flanger, que são efeitos que eu até gosto. Mas, não senti que fosse preciso até o momento.

Gravei algumas bases dobrando, ou seja, tocando duas guitarras quase idênticas - o que dá um belo peso ao som; e os solos, na maioria das vezes, depois das bases. Teve músicas que já gravei o solo no mesmo take da base e valeram na primeira. Alguns que gravei depois também foram no primeiro take. Experiência própria: é preciso ficar muito atento ao primeiro take; ele sempre tem coisas especiais, independente do tipo de música. Outros solos foram na segunda ou terceira tentativa, e apenas um enroscou mais (hoje, inclusive), mas, ok, consegui deixar do jeito que era preciso. Em relação aos solos ainda: não bolei nada previamente e ao vivo não tocarei os solos iguais aos do disco. Digo isso porque: em meio à responsabilidade de tocar os riffs como se deve, ou seja, respeitando a estrutura das músicas - o que é um prazer, já que os riffs são legais demais -, não abrirei mão da liberdade de tocar o que a música pede no momento dos solos, ou seja, improvisarei, embora muita gente adore dizer "fui ao show e o cara fez os solos iguais aos do disco!" hehehe. Para mim isso não serve, obrigado! Se eu quiser ouvir o que um cara fez no disco, eu ouço o disco; se vou ouvir um músico ao vivo, prefiro que ele seja criativo, livre no momento de tocar.

Comentário: gravar e tocar rock é outra coisa, outro processo, outro tudo, já que é outra "língua" musical - bem diferente do que mais faço, que é tocar com uma guitarra acústica ligada diretamente no ampli. Digo isso porque vejo alguns meninos - e alguns caras já de barbas brancas - que presumem tocar "jazz" falando mal do rock por aí. Isso é uma estupidez... Em primeiro lugar, sempre é possível aprender algo na música, seja ouvindo ou tocando, e isso independente do gênero. Em segundo lugar, já que o rock é "idiota", ou quaisquer outros adjetivos que possam usar para compensar suas mentes frágeis, sugiro que estas pessoas façam a experiência de tocar esse som e realmente fazer música! Por favor, façam isso. Mas... Quem já não se arrisca no "jazz" vai se arriscar em outros terrenos? Duvido... Para estes hipócritas é mais fácil falar, apenas. Na minha opinião, é melhor tocar mais e falar menos - além de não ficar espalhando preconceitos por aí. Além disso, os músicos mais maravilhosos com os quais toquei e toco no "jazz" ou "música instrumental" sempre citam algum cara do rock com admiração, um exemplo de tranquilidade, mente aberta e prova de que ouvem de tudo, sem preconceitos.

Para mim é sempre um desafio, um aprendizado, um prazer, uma grande diversão tocar, gravar, compor, ouvir, arranjar, enfim, estar presente em todas as ações relacionadas à música! E todo esse aprendizado, diversão e etc. está acontecendo nessas sessões do A.R.M..

Queremos muito lançar esse som em breve!

A.R.M.:Michel Leme, Rodrigo Grecco e Armando Cardoso. Foto de Gabriela Maretti.

Aguardem.

Abração!
Michel

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