quarta-feira, 11 de abril de 2007

O músico hoje

Quais são os problemas enfrentados pelo músico profissional no Brasil? E quais são as soluções mais práticas possíveis?

Sou músico profissional desde 1990 e atuo na área da música instrumental, tocando, compondo e gravando meus CDs de forma independente. Não tenho a pretensão de representar a classe e o que relato nesse texto faz parte do meu universo de atuação e conhecimento - acredito que neste país gigantesco aconteçam muito mais coisas bizarras, sem dúvida, mas considero esta uma boa oportunidade para ampliarmos a discussão e levarmos às pessoas um pouco da realidade do músico de hoje.

PROBLEMAS GERAIS

O músico no Brasil encontra-se "sem pai nem mãe", pelos motivos que considero a seguir:

- Se quiser receber aposentadoria, tem de depositar um valor mensal em algum tipo de previdência privada (você confia no INSS?);
- A Ordem dos Músicos do Brasil, instituição cujo fim deveria ser defender os interesses da classe, demonstra somente um interesse: cobrar a mensalidade de seus filiados, mais nada;
- Algumas instituições só contratam músicos através da infeliz nota contratual da OMB. Ou seja, para fazer show, o músico tem de estar em dia com a Ordem que, por sua vez, não o beneficia em nada - só o cobra e fiscaliza;
- Não tem como comprovar renda, visto que 99% da classe não trabalha com carteira assinada e esse fato gera diversos tipos de entrave;
- Se, com muito esforço, grava um CD independente, o músico tem de batalhar muito para divulgá-lo na mídia alternativa, considerando que não tem condição financeira para pagar uma assessoria de imprensa pela divulgação e, muito menos, para 'molhar a mão' de algumas emissoras de rádios e TV (prática no mínimo condenável, adotada pelas grandes gravadoras). Assim, é claro, fica bem difícil concorrer com as abominações divulgadas na chamada “grande mídia”.
- Boa parte da mídia dificulta (e muito) a situação: faz lavagem cerebral no povo, deixando a imagem do músico cada vez mais distorcida, ou seja, vende a idéia de que "quem aparece na TV é porque teve o talento finalmente reconhecido", ou ainda, "quem vende mais CDs é o verdadeiro artista - já que 1 milhão de pessoas não podem estar enganadas" (pausa para náuseas!). É claro que existem talentos verdadeiros que têm espaço de vez em quando, mas isso é cada vez mais raro. Resumindo: quem tem dinheiro para pagar jabá, quem pode mais, tem espaço na grande mídia. Em contrapartida, para quem não dispõe de grandes somas em dinheiro, a ordem é: “se vire!”

PRECONCEITOS

Quem é músico já viu e ouviu muito sobre o conceito absurdo que as pessoas sustentam a respeito da classe. Um clássico do gênero é a situação em que a tia de sua noiva (isso aconteceu comigo) diz: "Ah, ele é músico? Legal... mas, me diga, ele não tem um trabalho sério?". Ou ainda a clássica frase: "Músico é tudo vagabundo e drogado!" – o que libera as outras profissões da falta de ética e do uso de drogas, claro!

Agora, se você está tocando com um "cantor de sucesso", se torna herói do dia para a noite: "Ah, você está tocando com o 'fulano'? Nossa! Você me arruma convite quando tiver show em SP?". Já fiz esse tipo de trabalho e o considero destituído de arte, mas é uma opção de renda adotada por muitos profissionais.

Outra fonte de renda possível é atuar como professor. É interessante passar à frente o conhecimento e ajudar a educar uma nova geração, além de profissionalizar os que realmente têm talento. Mas há um problema surgindo: algumas instituições (escolas, conservatórios e afins) estão cada vez mais burocráticas, exigindo que os músicos tenham nível superior. Acredito que isso seja um preconceito, já que possuir um diploma não significa possuir musicalidade ou mesmo capacidade para ensinar. A crítica não é dirigida à existência das faculdades de música (isso já é outra discussão), mas às escolas, conservatórios e afins por tratarem com diferença (pagando menos ou excluindo de atividades, por exemplo) os músicos que não têm diploma. Que esse equívoco não se torne moda...

DESUNIÃO

A classe dos músicos é uma das mais desunidas. Exemplos clássicos: se você sai de um trabalho ganhando uma determinada quantia, não faltarão os que entrarão em seu lugar ganhando a metade. Não é raro um músico tocar num bar e, nesse mesmo momento, outro pleitear o lugar dele, oferecendo vantagens aos donos do estabelecimento. Isso sem falar na hipocrisia do “você é o cara” e, na sua ausência, “aquele cara é um bicão!”.
A piadinha a seguir, infelizmente, ilustra muito bem a situação.
Pergunta: quantos músicos são precisos pra trocar uma lâmpada?
Resposta: mil - um troca a lâmpada e os outros 999 ficam olhando torto e dizendo que fariam melhor.

ALGUNS RELATOS

- Presenciei, há alguns meses, o gerente de um bar dizendo para um músico ao final de um show: "Nós demos a macarronada aos músicos e agora você, que é o líder, lava os pratos." O músico respondeu "ok" e foi empilhando os pratos, ao mesmo tempo em que os quebrava... Desde então, fiz minha parte: não entrei mais no referido estabelecimento.

- Outro dia toquei num bar cujo combinado seria pagar o cachê dos músicos em dinheiro, ao final da noite, mas não foi o que ocorreu. Recebi o cachê depois de três semanas e isso porque quem me contratou para tocar ficou em contato direto com os responsáveis pela casa, cobrando-os praticamente todos os dias. Imagine se o pagamento ficasse a cargo da consciência deles... Jamais teria recebido! Resultado: mais um bar no qual não tocarei mais.

- Outra prática comum é a "mãozinha" no couvert artístico que acontece em várias casas: entram “x” pessoas e o músico recebe algumas a menos (e fica sempre por isso mesmo). Se o músico questiona o fato com o responsável, recebe uma resposta do tipo: "Ah, teve um casal que eu não cobrei, porque são meus amigos!"

A QUESTÃO DA ALIMENTAÇÃO

Existem casas onde o consumo de comida e bebida para o músico é diferenciado e limitado, ao invés de estipulado. Por exemplo: um prato de livre escolha mais uma cota de bebidas. Caso o músico queira algo diferente do "prato para músicos", deve pagar. Mas eles são tão 'generosos' que dão um descontinho. Outras casas chegam a cobrar a água que o músico bebe! Veja que o músico não vai para consumir, mas para tocar, só que em algumas situações ele está vindo de outro trabalho ou algo do gênero e precisa se alimentar, para não ter um “treco” enquanto estiver tocando. Conclui-se, então, que realmente falta o mínimo respeito com o profissional e nada justifica a mesquinharia por parte de alguns proprietários. Assim como nada justifica a aceitação passiva dessa situação por parte dos músicos.

A QUESTÃO ACÚSTICA

Esse é um problema clássico.
O indivíduo abre uma casa e quer ter música ao vivo, mesmo sem ter gasto nada para fazer um tratamento acústico decente. As conseqüências “estouram” sempre nas mãos do músico: ele está tocando e, oportunamente, no meio da música, vem alguém da casa pedir para que ele abaixe o volume (outro dia, soube de um amigo que ouviu gritos de um proprietário de um bar nessa situação). Para começar, isso é falta de respeito e de educação! E os argumentos são sempre os mesmos: a multa do tal “Psiu”, da Prefeitura, ou o vizinho que faz ameaças. Veja, a música tem variações de volume (a chamada dinâmica) e vai do 'pianíssimo' ao 'fortíssimo'. Mas, no Brasil, o músico sempre tem de tocar música de fundo, ou seja, é proibido ter expressão! Por que, então, não colocam um rádio, um CD tocando? Sabemos que não colocam o rádio ou o CD porque a música ao vivo é um grande chamariz, na verdade. Se fossem feitos investimentos para um tratamento acústico nas casas que querem ter música ao vivo, nada disso aconteceria. É que a lógica da grande maioria dos proprietários é sempre a mesma: "acabou a reforma, o bar está pronto para começar a funcionar. E os músicos? Ah, não sei, coloca um espacinho ali!".

SOLUÇÕES POSSÍVEIS

- Para os músicos
Creio que unir a classe é prioridade. Por exemplo, se alguém souber de casos de maus tratos a músicos por parte de algum estabelecimento (bar, estúdio, casa de show, escola, etc.), o mais sensato é fazer com que o maior número possível de profissionais saiba dos fatos e use o recurso do boicote. Basta ter iniciativa e alertar os companheiros de profissão - e isso é fácil: se faz através de telefonema, e-mail, pessoalmente, etc. Só esse tipo de iniciativa já elevaria o padrão de tratamento dispensado aos músicos.
A prática da ética também é muito bem-vinda. Segue uma frase ótima em relação ao assunto: "Defina sua ética quanto antes possível. A ambição não pode antecedê-la, é ela que tem de preceder à sua ambição" (Stephen Kanitz).

- Para o músico que gravou um CD divulgar seu trabalho
Além de vários sites que divulgam agenda de shows dos artistas cadastrados - e até espaços para que os internautas ouçam sua música -, existem distribuidoras que trabalham com CDs independentes. O ideal é pesquisar e deixar uma parte da prensagem dos CDs com essas empresas que divulgam e distribuem, pois fazem com que seu trabalho chegue nos lugares aos quais você não teria acesso.

- Para o público consumidor de música
Seria ótimo não ser mais conivente com os veículos de comunicação de massa que praticam o "jabá" e/ou despejam lixo na mente das pessoas sob a inocente embalagem de "música". Levemos nossos filhos a concertos de música clássica, shows de música instrumental, recitais, madrigais, rodas de chôro, etc. Não façamos mais parte do imenso “grupo de zumbis” que só ouve o que lhe é imposto. Sejamos seres pensantes! Chega de aceitar passivamente o que a mídia vendida despeja em nossas cabeças. Deixemos a inércia. Tomemos uma atitude de real mudança. Busquemos coisas diferentes e mais valorosas. Eduquemos nossos filhos para que sejam cidadãos realmente pensantes. A cultura tem grande peso nisso, só que ela não virá até nós. Temos de realmente buscá-la!

Cito, finalmente, uma ótima frase do baterista, pianista e compositor Jack DeJohnette:
"Durante esses tempos difíceis, sinto (mais do que nunca) que é importante espalhar criatividade e inspiração onde quer que isso seja possível; e contribuir para mudanças positivas, não importa quem você seja. Nós fazemos a diferença".

Michel Leme
Contato: michel@michelleme.com

48 comentários:

Anônimo disse...

Fico muito feliz em saber que não estou sozinho nesta luta!!! Ontem mesmo estava indignado com a desunião da classe. Não podemos aceitar passivamente esta "PORCALHADA". Nós MÚSICOS, temos a obrigação e podemos mudar a situação. Temos que protestar MESMO! Só assim vamos mudar a condição e a imagem do músico no Brasil.
Parabéns pela iniciativa. Vou fazer minha parte e repassar o link para o maior de pessoas possivel.
Bom, é isso...se precisar de mim para brigar pela causa ESTAMOS AI!!! pabadabadá pa pa pa pabadadá

gemaameg@gmail.com

Um abraço,

Gema

Unknown disse...

Confesso que senti alguns calafrios ao ler esse texto, por perceber que mesmo um músico reconhecido (sou de Uberaba/MG, e todos que tocam ou se aventuram na música instrumental conhecem pelo menos o seu nome), profissional a tantos anos, e o mais importante, com tamanha qualidade, sofra problemas que sofro ainda no início da minha carreira. Meu deus, será que os donos de bares são sempre fdp mesmo? é praga? má sorte? zirizira? urucubaca? ahuhua
O que penso sobre o assunto é que, devido às GIGANTESCAS proporções que chegaram os problemas levantados por você, devemos correr atraz de soluções de peso, com proporção ainda maior que o problema. Concordo com as medidias sugeridas por você no final do texto, mas quanto ao problema dos donos de bares, acredito que trata-se de um problema que vem estragando cada vez mais o lugar que vivemos.. trata-se da ganância, da busca obsessiva por dinheiro, da falta de humanidade..
É o mesmo problema enfretado, por exemplo, por ambientalistas que querem defender um manancial, mas uma construtora ultra poderosa, com todo a sua força para corromper, passa por cima das leis e constrói em áreas que poluirão o manancial e prejudicará milhares de famílias. Fazem isso por dinheiro..
O que dizer sobre políticos que desviam verbas de ações humanitárias apenas para comprar uma propriedade que nem sabe se terar tempo sequer de visitar?!
Mesmo que não seja por meio de tv ou jornais, todos temos notícia de DESUMANIDADES que acontecem a cada dia..
Acredito que toda essa manipulação que ocorre por parte da tv e de todos os meios de comunicação em massa, tudo isso é desumanidade. Fazem lavagem cerebral para vender mais. A merda tá toda ligada. Tá ligada com a política, afinal os governantes sempre preferem um povo burro..

enfim.... axo que precisamos de souloções de peso, algo que conseguisse mudar a mentalidade dos líderes dos meios de comunicação (ou, melhor ainda, que mudasse os líderes dos meios de comunicação).
precisamos trabalhar com as criaças, sem ditadura, sem querer impor John Coltrane e Debussy a despeito das merdas que tocam no rádio, mas deixando que nossos filhos tenham a oportunidade de conhecer diversos estilos, conhecer
arte.. o que vocês axam que eles irão preferir, se forem expostos igualmente à algo artístico e à algo meramente comercial?
se nossos filhos tiverem senso crítico, saberão pelo menos perceber a diferença (coisa que hoje em dia já a maioria das pessoas sequer consegue).

Para obter sucesso sobre uma organização criminoza, precisamos ter uma organização policial mais organizada ainda.. Se os filhos da puta conseguem se organizar e espalhar a merda no mundo, porquê pessoas bem intencionadas não podem conseguir também?!?!
Precisamos nos unir e buscar soluções.. nem que seja a decapitação dos donos de bares filhos da puta (se fosse assim, 99% dos bares ficariam órfãos.. ahuhua).
(brincadeira, claro que precisamos de soluções mais práticas e objetivas um pouco né..)

abraços, e tenhamos calma, e vamos ser frios na hora de calcular as soluções pras esses problemas que nos afetam.. precisamos de soluções de peso!

Unknown disse...

agora Michel, um comentário sobre os músicos de universidade..
sei que esse termo já é suficiente pra deixar muita gente de cara feia.. o que já tá errado!
Eu VEJO que existem realmente muitos músicos picaretas na universade, muita gente que tá no último semestre, quase se formando, e se gaba por ter aprendido a fumar maconha de várias formas diferentes durante a faculdade (mesmo que isso tenha sido a única coisa que esse cara tenha aprendido).
Axo que esse problema ocorre por falta de rigor na universidade (algo que acontece, em menor escala, em todos os cursos, visto que também se formam inúmeros engenheiros picaretas..).
É algo que, ao entrar na universide, pelo menos já ouvimos falar: universidade não é igual colégio.. temos que correr atraz do que queremos, afinal os professores não estão ligando muito..
tudo bem, se formam muitos músicos, que falam muito, e não tocam nada (as vezes não conseguem nem falar muito).
Mas também se formam excelentes músicos, e como você está em São Paulo, não preciso ficar citando milhões.. Guilherme Ribeiro, Pepa D'elia, Rubinho Antunes, Alberto Luccas.. isso só alguns da Unicamp.. André Mehmari estudou na usp.. e o Rafael (PH, saxofone), também..
axo que citar alguns nomes não é sufuciente para tantar criar uma ótima imagem dos músicos que fazem faculdade de música, mas é sim suficiente para freiar os preconceitos..
Também existem músicos que não fizeram faculdade e não tocam nada. Muitos músicos de faculdade são arrogantes....
Outro dia fui ouvir um som no Santa Fé (estou morando em campinas), e presenciei uma coisa muito ridícula, e que
partiu de um cara que, se não é, me passou uma imagem de ser muito arrogante... Haviam sido marcadas datas para dois grupos
num mesmo dia (mancada do estabelecimento).. Como o seu grupo tinha vindo de sampa, axo que nada mais justo que o outro grupo
deixasse que vocês tocassem.. o problema é que presenciei um cara falando de forma muito arrogante que era o grupo dele
que ia tocar, e, o que pra mim foi mais ridículo ainda, ao ver que o outro grupo ficou ressentido com a forma que o cidadão
se expressou, ouvi da própria boca do dito cujo: "Esses caras tão tocando em são paulo? por acaso é o Herbie? então que se foda!"
existem tambem varios casos que demonstram a arrogancia de músicos de universidade, e eu poderia contar vários..
mas esse caso aí de cima partiu de um cara que não é de universidade, mas que tem uma idéia, na minha opinião, muito
infantil (pra não dizer idiota) a respeito de música e de seres humanos..
fico puto quando vejo um cara desse tipo falar mau de músicos de universidade (pelo pouco que de idéias que ja
troquei com você, que já li de depoimentos seus ou coisas a seu respeito, acredito que você não é desse tipo..
mas, com todo respeito, acredito que ainda resta um certo preconceito da sua parte a respeito de músicos de universidade..
posso até estar enganado, e se você quiser me explicar melhor o que axa, se eu estiver errado a seu respeito, estou aberto
pra conversar numa boa, ok?!)

é isso intaun, abraços, e parabens pela atenção que você dispensa aos seus admiradores, e pela iniciativa de utilizar
a internet para divulgar boas idéias.. abraços!

Unknown disse...

enviei dois comentarios, mas axo que não estão aparecendo... vai esse como teste

Thiago Strabelli disse...

Quem dera a classe musical fosse mais unida e lutasse pelos seus direitos e por melhores condições de trabalho divulgando situações como as que você citou, e não se submetendo mais à elas (estou começando a enfrentar algumas destas situações), mas há esperanças, há muitos músicos concientes da atual situação e que tem um ideal profissional, que sabe o verdadeiro valor de se trabalhar com arte, que não colocam o dinheiro em primeiro plano em suas vidas e não se submetem à fazer qualquer "coisa", tendo que enfrentar situações desagradáveis posteriormente.
Michel, muito legal o que você escreveu, levando à muitos músicos profissionais e principalmente aos iniciantes a real situação dos músicos no Brasil e algumas soluções para mudar-mos este quadro.
Michel, parabéns pela sua atitude de publicar sobre tal assunto que aos poucos vai caindo no esquecimento.
Michel, sou músico profissional desde 2000, e com muito esforço consegui ter um espaço onde dou aulas de música, tbm acompanho alguns cantores em bares na noite. Estou começando a tocar minhas próprias composições quando tenho a oportunidade, em casas de cultura da região e apresentações em escolas de música. no meu blog tem algumas fotos;
thiagostrabelli.blogspot.com
Grande Abraço !!!

Michel disse...

Muito obrigado, amigos!
Vamos levar essa discussão à frente, acredito que a união e a troca de idéias ajudem a todos.

Respondendo ao José Emílio:
Não sou preconceituoso em relação a músicos que cursaram faculdades -o Raphael Ferreira gravou o CD Trocando Idéias comigo e já toquei com o Guilherme Ribeiro, o Pepa D'elia, o Rubinho Antunes e o Alberto Luccas. São músicos muito talentosos que optaram por cursar uma faculdade.
O problema é com os picaretas que chegam a se "formar" e que tentam se impor através de títulos e diplomas - mas que não tocam música! Esse é o problema.
Esses são os caras que desrespeitam alunos por aí e são os caras que são verdadeiras múmias tocando, ou seja, eles não emocionam nem mesmo as próprias mães!
Estudar numa faculdade não atrapalha o músico que tem real talento musical; o que atrapalha são esses 'para-quedistas' que acham que são músicos só porque decoraram regrinhas teóricas e que tentam, repito, se estabelecer ostentando diplomas e títulos.
Isso quer dizer que um cara que não tem talento, mas que teve grana pra bancar uma faculdade, vai pegar empregos de músicos que têm talento, mas que não podem provar através de papelada. Isso é injusto, uma inversão de valores perigosa e uma verdadeira aberração.
Espero que minha posição em relação ao assunto tenha ficado clara.

Um grande abraço, José Emílio e todos!
Fiquemos em contato.
Michel

Unknown disse...

Fala Michel!
Bacana o texto pena que algumas coisas são assim mesmo. Gostei do seu esclarecimento acima falando das universidades e concordo contigo vejo muito neguinho que tem muita grana que estuda o dia todo e acaba pegando diploma sem nunca ter pisado num palco ou tocado fora da faculdade sequer. Muuuitos se escondem como você falou atrás de: me formei não sei onde estudei... com não sei quem ...mas na hora do vamo vê.....
Outra coisa que queir acomentar é que em São paulo existe a Cooperativa de música ( http://www.cooperativademusica.com.br) que tem feito há três anos um trabalho muito bacana e consegue dar um apoio aos músicos que dela participam e esta conseguindo avanços na area de convenios e beneficios reais para os músicos. No rio já existia uma e vendo a movimentação por aqui estão a toda retomando suas atividades.
Você sabia que quando apareceu gente da cooperativa em reuniões para discutir questões da cultura com governo e prefeitura houve espanto geral pois nunca tinha aparecido ninguém da area antes???
Com três anos de existencia conseguimos entre outras coisas lançar um premio beneficiando projetos de cooperados com dinheiro próprio dos músicos??
Basta haver união que as coisas acontecem.
Convido-o a conhecer a cooperativa que fica em Perdizes e se unir a nós pois temos varias frentes atuando ( produção, leis de incentivo, ações culturais, selo eventos e etc...)
Abraços
Fernando Zdanowicz

Ruberajazz disse...

Deus meu!!! O mau da humanidade, enfim!!!
Quem me dera se eu tocasse 1/4 do que toca o Michel, conheço o trabalho dele faz muito tempo(desde a época do metallica e algumas transcrições, 199?...)...Mas não toco tanto, porém, me informo muito sobre música e sei de muitas dificuldades enfrentadas por essa classe. A raiz? O ser pensante(será?). A massa destituída de auto-crítica(será que sabe o significado?), pirimpompom prá lá, pirimpompom prá lá de novo(bem longe de mim). E os produtores "malas", que se beneficiam da desestruturação racional humana. Mas, e a raiz do mal, onde está enfim, na OMB, nos donos de botecos, nos músicos, nos políticos, na massa? Sinceramente, acredito que tudo tem começo(credo, mas foi inevitável o clichê!!!), e olho para a história de nosso País, e vejo um povo amordaçado numa época crítica e covarde demais para com aqueles que em meio ao povão, tentaram manifestar o pensamento crítico e libertário. Excluídos, extraditados, excomungados...A música era a ameaça, a harmonia renovada e sutil de Chico Buarque de Holanda, pano de fundo(a harmonia) para letras refrátorias e descomedidas, era o povo se manifestando, melhor: a mente humana brasileira se apoderando do potencial artístico!!!(pausa)...O AI5, desgraça!!!!!
Volto um pouco mais na história, alguns séculos apenas, ouço Bach, Chopin, Mozart, Paganini, Wagner, Rachmaninoff, etc.. etc... etc...
Então penso (tento), a decadência racional musical popular é secular.

Mas e a tal raiz do "mal"?
Fora os citados, ainda acredito que o individualismo generalizado é o pior deles. Um sistema capitalista democrático? Maquiavél da pulos de alegria em sua tumba já não mais tão fétida!!!! Um sistema do salve-se quem puder..."Um bando"! Como diria o Sargento Caveira...
Ou a mente brasileira se destitui do mal causado pelo AI5 e se une em prol do pensamento como a força motriz, eu cave cada qualsua cova antes que morra, pois corre-se o risco de ficar para os urubus e hienas, que são mais unidos que nós, pobres humanos e ainda por cima:mortais!

Parabéns Michel Leme!!!! Que seu exemplo seja reflexo para todos nós!!


PS: E antes que falem alguma merda devido minha forma de escrever: não sou formado em porra nenhuma!!!
Minha mãe trabalhou em hospital universitário(HUB/UNB)e não conseguia uma consulta sequer para si mesma!!!Soquem seus diplomas no fóbio e ajudem as pessoas porra!!!

Ruberajazz disse...

E me desculpem caso tenha sido sincero demais...

. disse...

Parabéns pelo seu texto Michel!
É exatamente o que ocorre em todo Brasil. Esses dias vários músicos de Brasília se juntaram em um evento para ajudar o Mestre Gamela, pois como vc mesmo falou não existe nada que garanta uma aposentadoria ao músico. Mesmo com toda sua história dedicada à boa música brasileira e formação de grandes talentos, o Mestre Gamela nada pode fazer para reparar uma dívida por conta de aluguel e outras do dia à dia.
O nosso evento deu uma força, mas não foi uma solução definitiva.
Acho que deveria haver uma lei ou interferência de algum orgão do Ministério da Cultura que podesse dar suporte a carreira do músico criando plano de previdência, padronização para que donos de casas noturnas seguissem regras para contratação do músico de forma a respeitar condições de trabalho e garantia do combinado, uma carteira de trabalho especialmente para o músico com regras focadas nas características da profissão, espaço para difusão da arte local e independente em rádios e TVs , etc...
Acho que a OMB poderia ter sido um grande apoiador da carreira do músico, mas penso que hoje seja o caso de dizer: Manda quebrar e faz tudo de novo.

Abraço Michel, FLW!

Unknown disse...

esclarecido.
e que o talento prevaleça!

abraços e vlw pela atenção

Rod disse...

Olá Michel, parabéns pelo excelente texto. Acho que já passei por todas essas situações que você citou.
Coloquei em duas comunidades que participo no orkut, a da Banca do Blues
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=19199902&tid=2527258275654053757&na=4 e a Jams e Shows de Blues http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=9900078&tid=2527258849032187773&na=4

Um abraço,

Rodolfo Bragantine (guitarra Os Tributados)

Unknown disse...

Toquei profissionalmente dos 16/17 até os 27 anos (estou com 54)e parei quando todo mundo passou a ouvir bate estacas.
Se a geração de hj., a de 80 e 90 tocam profissionalmente, deve muio a essa geração.
Mas infelizmente, a maioria dos musicos não se fazem respeitar e o maior exemplo é a OMB. Para melhor exemplificar:
Concurso Público para procurador: Formação - Advogado; um dos principais quesitos OAB que será apresentada na Prova de títulos;
Concurso público para OSB/RJ - Quesito diploma musico a nível de 3º Grau (óbvio) mas a OMB, o que impede que os bicões da vida entrem.
Se os musicos de modo geral não fizerem uma revolução, e para isso começarem a se Impor, seremos sempre objeto politico da Cesta Básica e dai pra cima.

Unknown disse...

...bem...infelizmente nós músicos,temos dançado a música que nao é nossa....dançamos de acordo com o mundo capitalista e ignorante,,,total consumismo e comodismo....nao acredito que veremos tal tranformaçao...talvez nossos netos...quem sabe bisnetos...sugiro um brinde penoso e amargo ao mundo capitalista...

Anônimo disse...

Pessoal, concordo com tudo o que foi dito aqui qunato a falta de respeito com os músicos, falta de reconhcimento etc...etc...
Mas tenho algumas opiniões formadas:
Primeiro: A maior parte das reclamações vem de guitarristas, eu sou guitarrista tbm, portanto, me incluo nessa. O motivo? é que a maioria dos guitarristas se considera seres dotados de um talendo descomunal. Tem muito guitarrista que não é músico, é guitarrista e mala. Muito guitarrista se considera a estrela da banda porque sabe tocar o solo de Jump do Van Halen...
O Michel é um músico maravilhoso, toca muito, é um exemplo de expressão no seu instrumento. Sou fã dele!!
Mas a gente tem que lembrar que tem muito músico folgado também, que só queimam o filme por onde passam e deixam um rastro de destruição por onde outros músicos vão trabalhar.
Sobre os músicos de faculdade: Toco a 15 anos só de uns 5 anos pra cá consegui ganhar um dinheirinho com música, porque trabalho sério, não dou balão, não fico folgando no cardápio do bar, sou pontual e trato público e contratante com simpatia.
Gente não adianta se achar o tal...Primeiro façamos a nossa parte. Depois cobremos a parte dos outros.
Certo dia toquei em um bar e o movimento foi quase zero, deu 3 mesas, o dono estava num stress danado..toquei o meu horário, na hora de receber disse que a gente podia acertar metade do combinado, o kra ficou surpreendido pela minha atitude. No outro dia que fui tocar, deu um movimento bom e ele me pagou o combinado, mais a parte que faltou do outro dia. Isso foi a tres anos e toco nesse bar até hj com pelo menos 1 data fixa tda semana. Não digo que todos tem que fazer isso. Eu fiz, e não morri por causa disso e acabou td bem.
Na minha opinião a profissão de músico é como qualquer outra. Pra nós músicos é uma benção de Deus poder ser músico, poder viver disso então é uma benção redobrada. E sem contar q algumas horas tocando num bar, equivalem muitas vezes, a uma semana inteira de trabalho suado das 8 as 6 da tarde de um pai de familia...Por isso agradeço muito a benção da música ter me escolhido para servi-la...

Do mais gente acho que todos tem as suas razões, seus momentos bons e ruins...

Prego a união, o respeito, a seriedade mas também acho q músico mala é tão ruim para a classe, quanto os contratantes que não pagam...

Anônimo disse...

Pois é pessoal, ler um texto do Michel, que é um cara que admiro muito com músico, relatando a verdade nua e crua do músico brasileiro, é um baque em nossas cabeças.
Dá um nó na cabeça da gente querer viver de música, viver da nossa arte e no entanto da um pavor de não poder sustentar a minha familia.
Não sei quem nasceu primeiro, se foi o ovo ou a galinha, mas a verdade é que o público também não da mais a mínima pro músico.
O Brasil foi assolado por uma onda de mal gosto e de superficialidade terrivel. As pessoas parecem desenteressadas em tudo que não seja dinheiro, ou que leve a ele.
Falar em arte é brega! é antiquado. O legal é ser moderno, é gostar de bosta e se embriagar com ela, até que surja a próxima merda da moda.
Aquelas pessoas que passam com aqueles carros com som até no teto e o volume no talo, alguem ja ouviu alguma música boa saindo daqueles alto-falantes? Quanto mais porcaria as pessoas ouvem, mais elas querem mostrar que gosta daquilo.
Sinceramente não vejo uma luz no fim do tunel, pq o problema maior ainda não está nem no músico nem no dono do bar, está no ser humano, que, como ja dizia Raul Seixas, está sentado no trono do apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar.

@_rogeriothome disse...

Olá Michel!

Parabéns pelo excelente texto!
Vc simplesmente retratou toda a nossa realidade!
Admiro mto seu talento e o seu trabalho, mesmo sendo contrabaixista.

Ainda tenho fé q um dia ainda seremos tratados como profissionais de verdade!
Fique na PAZ! Sucesso!

Um forte abraço,

Rogério Thomé

Michel disse...

Obrigado a todos que postaram até agora!
A discussão está apenas começando...
Um grande abraço,
Michel Leme

Anônimo disse...

Eh legal termos a consciencia de q o musico por si soh ja espalha e transmite a evolucao e desenvolvimento do ser humano...

Pra render-se ao universo musical, eh preciso desenvolver muitos valores, q sao apreciados no dia a dia e servem de exemplo tanto pra futuras geracoes quanto pra pessoas q nos admiram...

Eu penso isso...

Maria Fernanda disse...

Sensacional seu texto! Infelizmente, é 100% da realidade brasileira. Uma pena mesmo.
Mandou mto bem nego! Bjão!

Maria Fernanda disse...

Nego, mandou muito bem! Infelizmente é a realidade de toda a galera. Mas vamo que vamo, né? Sempre a boa música e os bons caráteres serão premiados, se Deus quiser.
Beijões! Arrebentou no texto!

Anônimo disse...

Bom texto, é a pura verdade. O problema é que todo esse cenário triste é decorrente da falta de educação e cultura, elementos cruciais na formação da cidadania, que nunca foram prioridade nesse país. Como exigir que um povo miserável na sua maioria, semi-analfabeto, que vota em quem vota
(re-elege mensaleiros, Maluf, Clodovil etc..), contemple e dê valor a verdadeira arte?
Consumir o que lhe é "empurrado goela abaixo" pela mídia é mais fácil, após um longo dia de trabalho árduo e mal remunerado...
É triste ter que admitir mas, a culpa desse estado de coisas, não só no âmbito das artes, mas tambem na saúde, educação, cultura etc.. são anos e anos de corrupção, incompetência, má administração de verbas, de um governo, que o povo vem elegendo e re-elegendo ao longo de muitos e muitos anos...
O povo reclama de quem ele mesmo elegeu... mas só reclama, não toma atitudes veementes de mudança, como na França, Alemanha etc. Nesses países, por muito menos que um "mensalão" ,o povo vai às ruas e muda a situação, aqui não... re-elegem o cidadão...

Anônimo disse...

Boa Michel!!!
Não sou músico profissional. Toco (mal) desde criança, mas só pelo prazer.
Em compensação me considero um bom ouvinte.
Sou daqueles que escolhe o restaurante ou o bar pela qualidade da música, (só pra ficar claro para aqueles donos de bar que você mencionou que não adianta por qualquer tranqueira pra tocar, não!!! Rsss...) presto atenção, me emociono com uma execução daquelas que vem do coração e bato palma sozinho sem o menor constrangimento!

Me entristece muito ver relatado em seu texto tudo o que sempre imaginei mas não acreditava que fosse "tão" verdadeiro!

Não sei se serve de consolo, mas esse mal não é exclusividade do mundo da música, nem do nosso país e também não da época em que vivemos.
Aparece porém, mais fortemente em culturas onde o "valor" das coisas e dos indivíduos é medido em cifras, não musicais, mas de dinheiro.
Por aqui quem tem os bolsos bem recheados é sempre mais engraçado, mais agradável, mais bem-vindo.
Nesse contexto, todo mundo quer ficar rico. O sujeito não monta um negócio para exercer a profissão que ama e faz bem e viver dignamente dela. Ele monta um negócio para ganhar o máximo de dinheiro no menor espaço de tempo possível.
Para isso, ele sacrifica o convívio familiar com a ilusão de mais tarde desfrutar das riquezas acumuladas.
Assim, esse péssimo exemplo vai se perpetuando de geração em geração e formando uma sociedade dura, mal humorada, mal educada e carente de conteúdo.
Não dá pra esperar muito de um país no qual a "elite" estende tapetes vermelhos para um recém saído do BBB e dança e canta empolgada o Funk do Tigrão.
Agora, será que dá pra piorar? Dá sim...é só o STJ ser culpado da venda de sentenças!!Rssss....

Michel e todos vocês músicos brasileiros de enorme talento e valor: lutem por melhores condições mas não desanimem e nem se deixem amargurar por essa situação.
Partes importantes da música brasileira são sua alegria e aquela vontade transparente do músico de estar ali tocando que vêm do fundo do coração.
Vocês é que estão no caminho certo!

Abs,


Alceu

Anônimo disse...

Oi Michel!!! Esses dias aqui em Teresina, o novo presidente da OMB me contactou para participar de uma homenagem aos músicos locais com diploma,governador presente etc.... e eu seria um dos homenageados.Sabe o que fiz?Fiquei aqui no meu estudio fazendo o que sei,produzindo musica.Cara ainda hoje tem aqueles caras que se apresentam assim:sou o musico de fulano etc...que onda né?Eu particularmente sou musico de mim mesmo hehe...e espero continuar fazendo minha música por muito tempo,acho que esse é o meu caminho.Márcio Menezes

Anônimo disse...

Olha, sou músico, instrumentista, bandolinista, além de outrso vários que toco: violão 6 e 7 cordas, cavaquinho, guitarra baiana, violão tenor, componho, arranjo, produzo, dou aulas, enfim. Vivo exclusivamente de música e tenho exatamente a mesma opinião a qual discuto vorazmente com meus colegas aqui o que acredito ser a maior causa de tudo isso: o estrelismo e indivudualismo entre os músicos. Desta forma, sem união e articulação como em outras áreas como o teatro por exemplo, sempre vão nos olhar da maneira como nós mesmos queremos ser olhados! É uma pena mas... Seguimos fazendo nossa parte disseminando estas idéias que eu acredito que a coisa toda pode mudar pra frente. Falta também pensar a longo prazo pras realizações e projetos. Todo mundo se sufoca atrás de fama imediata e fugaz e quando vê, passou a vida e não se fez nada!

Aquela abraço,
Rafael Ferrari - bandolim 10 cordas
www.cameratabrasileira.mus.br

Anônimo disse...

A culpa foi de Colombo e as navegações.
Se Colombo e Cabral não tivessem vindo aqui, a cultura indígena estaria indo de vento em popa, a escória de Portugal não teria contaminado a terra com a corrupção e doenças, e os negros não teriam vindo como escravos.
Essa "trilogia" (escória de portugal, índios massacrados e negros escravizados)embora tenha gerado coisas maravilhosas (caboclas estonteantes, pratos típicos saborosíssimos, diversidade de ritmos e manifestações culturais incríveis),
infelizmente tambem é culpada, em grande parte, por esse estado de coisas. Sei que parece que me distanciei do texto do Michel, mas todos os problemas vividos pelo músico que ele citou, tem relação clara com a "trilogia". Esse é o grande paradoxo brasileiro... o que o torna incrível, cheio de maravilhas e delícias, o torna tambem extremamente problemático e injusto.
Como disse Jobim, USA é legal mas é uma M, o brasil é uma M, mas é legal.

Anônimo disse...

Sou estudante de música em faculdade e conservatório, mas para a maioria das pessoas issp não significa nada além de uma diversão. Moro em Recife/PE e vejo minha cidade dominada pelo brega e outras porcarias. Se todos pusermos a mão na consciência e fecharmos os olhos e ouvidos para o lixo cultural, creio que o tratamento para com os músicos irá mudar positivamente. Parabéns sr. Michel pelo texto, vou divulgá-lo a todos os meus amigos e colegas de profissão.

Marcos Baratha disse...

Pois é pessoal, dei uma lida nos post, e pelo jeito todo mundo compartilha de que as alguma mudança precisa acontecer para criar condições mais dignas para nosso trabalho como músico.
Tenho comigo que a profissão de músico ainda é bem remunerada, eu trabalho com música já a muitos anos, dando aula, tocando em bar sozinho, banda trio etc..., embora eu sei que não vou ficar rico (nem quero), mas consigo viver dignamente com o que eu ganho. O problema é essa eterna instabilidade que a gente vive, a gente vive sempre naquela angústia do próximo mês, será que vai ter trabalho?
Por que acredito eu que 90% dos músicos do Brasil não tem contrato a longo prazo, tirando as aulas, onde se pode contar Mais ou menos, os trabalhos vão aparecendo, as vezes aparece 5 trabalhos no mesmo dia e horário, e no outro mês não pinta nada. É dificil isso. Fora todos aqueles problemas já discutidos aqui.
Michel, eu acho que uma coisa precisa ser feita. E pode começar a ser feita hoje: A OMB tem que existir de fato, eu pago minha anuidade em dia, e tenho direito de saber o que essa essa OMB, nós músicos temos que escancarar aquilo, pra que serve? quem manda? quando tem eleição? por que o Sandoli está la a décadas?, o que é feito com o dinheiro, prestação de contas? será que ninguem tem acesso a OMB?
Porra, aquilo é um órgão federal, que existe para representar a classe dos músicos, eles estão fazendo isso?

Eu mandei um e-mail pra saber da tal colonia de férias que eles dizem ter, nem isso me mandaram resposta.
Eu convoco os músicos do Brasil, a fazermos uma revolução nessas história de OMB, ou então vamos criar outra entidade se for o caso.
Mas não pode ficar só na conversa. Vamos começar por aqui, eu mobilizo todos os músicos da minha cidade e região que eu conheço, garanto que em um mês mobilizo centenas de músicos.
Vamos mudar essa história!
Primeiro vamos devassar essa OMB, Será que não tem um músico da nossa geração com capacidade pra ser Presidente daquilo?

Michel Leme, Guinga, Hermeto Pascoal, Vinicios Dorin, Arismar do Espirito SAnto, Dominguinhos, Egberto Gismonte...será que nenhuma dessas pessoas tem mais moral e capacidade pra ser Presidente da Ordem dos Músicos do Brasil, do que aquela múmia do Sandoli?

Será que essas pessoas, não pensariam mais nas dificuldades que nós músicos enfrentamos, e buscariam soluções.
Quem escolhe o presidente daquilo? Não estamos no Brasil? Não tem democracia?

Michel disse...

Obrigado pela participação, amigos!
Isso é só o começo! Que possamos alastrar essa discussão.
Sempre à disposição,
Michel Leme

Michel disse...

Alguns links do texto "O músico hoje" na net:

- No site Bandas De Garagem: http://bandasdegaragem.uol.com.br/colunistas_view.php?id_dagaragem=362&redir=true
- Fórum da D'Addario: http://www.musical-express.com.br/forum/index.php?showtopic=150
- Fórum Electric Jam:
http://www.electric-jam.com/viewtopic.php?p=29572#29572
- Orkut:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=48113&tid=2530018232397309947

Onde mais vocês encontrarem, me mandem por favor. É sempre interessante saber o que as pessoas estão trazendo para a discussão. Meu email: michel@michelleme.com

Um grande abraço!
Michel

Anônimo disse...

Michel, parabéns pelo texto !!!

Passo a adimira-lo ainda mais do que antes, agora não apenas por sua música, que cá entre nós já me dava motivos suficientes para tal, mas também pelo seu idealismo e luta pela nossa classe.

Fico honrado em colocar um link em minha comunidade apesar de ainda ter pouca circulação.

Grande Abraço

Gian

Unknown disse...

olha , eu gostaria de agradecer pelas suas palavras ...
elas me fizeram abrir meus olhos e ver esse mundo musical com outors olhos ...
muito obrigadu!!!

De Tocaia disse...

Falou e disse cara!!! é isso ai. Acho que tbém faltam associações sérias e gente do meio com tempo para "tocar" essas idéias , regulamentação etc...

Abraços Diminutos xirú!!!

Anônimo disse...

Realmente não há respeito ao músico. E quando ainda não é profissional então...
E pra família aceitar o filho ser músico profissional é quase um parto. Se aceitar...

Conheci seu trabalho há pouco tempo, mas acompanho as revistas há alguns anos e sempre tem seu nome lá.

Vamos botar pra quebrar mesmo!!!!!
Eu acho que as pessoas não tratam com o valor o artista porque não sabem fazer arte, então acham que não tem importância alguma.

Grande abraço e muito som bom nessa cabeça, e que ela não seja egoísta e passe para a nossa...

Anônimo disse...

grande Michel!
conheço,como muitos outros aqui listados seu trabalho desde o Zonazul,trabalho que classifico como excelente e representativo dentro da nossa musica instrumental brasileira,e fico muito feliz em saber que tenho um aliado tão esclarecido e talentoso.Os problemas maiores que colocasses nas tuas tão bem escritas linhas ,ao meu ver são fruto de vários equivocos históricos e em boa parte ( a maior)por culpa dos próprios músicos,(que na maior parte das vezes se aliena em sua rotina diária e esquece que faz parte de uma sociedade dividida em classes-queira ele ou não,pois alguns acham que isto não é conversa de músico,isto é polítoca,etc,etc,etc...)Tentei por várias vezes,junto a um grupo muito pequeno(sempre os mesmos)organizar associações,sindicatos e similares com o saudável intuito de unir os músicos locais e ,com isto tornar-nos um grupo coeso,unido,forte e poder com isto representar uma classe que ao que me parece não quer ser representada ,ou ainda,o que é bem pior,tem medo de ao se mostrar interessada neste fato ,seja a partir daí sejam eles considerados perigo ao poder constituído e percam seus espaços conquistados a tão duras penas-o que não está totalmente errado,pois eu mesmo sinto isto na própria carne.O caso vai as raias do inacreditável quando nos referimos a nossa sofrida musica instrumental.Se estes mesmos meios da "grande mídia"(valorizem-se as aspas)já ignoram a existência de musica inteligente na nossa mpb,imagina sem letras mesmo burras...

Unknown disse...

Precisamos de mudanças pra ontem n da mas pra ficar assim ......temos que unir a classe....

Mirian Domingues disse...

Olá Michel bom dia,
estava fazendo uma pesquisa no google quando cheguei ao seu blog e vi sua mensagem.
Adoro musica e tive oportunidade de conviver com vários músicos que tocavam em vários locais na mesma noite para sobreviver. Muitas vezes fui junto para que eles chegassem a tempo, vi o quanto era dificil. Podiam beber agua e no máximo um suco e o restante era cobrado.
Tocam e cantam maravilhosamente bem, formaram suas bandas, ou não, gravaram seus CDs, mas a batalha é cada vez maior.
Sempre procuro um local com musica ao vivo e vou procurar conhecer melhor o seu trabalho.
Parabéns para o texto.

Mirian Domingues
Alem de que hoje as opçoes diminuiram muito

Michel disse...

Muito obrigado por postarem, amigos!
Que essa discussão possa se expandir e que nossas atitudes no dia-a-dia possam ajudar a mudar esse cenário.
Um grande abraço a todos!
Michel Leme

Unknown disse...

Vlw, Michel, sou seu fã!!
Agradeço a ajuda que obtenho consultando seus tópicos.

Michel disse...

Valeu, Marcio!
Fique em contato, abração!
Michel

Fabio Boa Sorte disse...

Michel falou tudo que nós, musicos, queriamos falar. assino em baixo tb manifestando a forma atual de tratar a musica e aqueles q a fazem.

Michel disse...

Obrigado por postar, Fábio!
Abração,
Michel

Anônimo disse...

Ola Michel como vai? Recebi o link do seu blog por parte de em amigo e parceiro de musica aqui da cidade de Franca SP Diego Randi grande amigo e baixista, não me contive em comentar suas palavras e experiências tão lógicas e claras a nossa classe, quando digo nossa me apresento como músico também é claro, concordo em 98% com você mas os 2% são somente suficientes para explicar por que passamos por tudo isto em nosso trabalho: 1 a vaidade que prevalece no ramo causando toda desunião e falta de organização, e 2 a falta de ética profissional no meio. Hoje infelizmente ou mesmo felizmente musica deixou de ser cultura para ser um negocio ou empresa, tudo em musica hoje envolve altas quantias de dinheiro, equipamento, transporte, fonografia, divulgação distribuição, enfim tudo é negocio, a parte cultural nem conta tanto mais, e assim como em todo ramo de negócios alguns tendem a ter mais sorte que outros ou mesmo competência talvez digamos assim, todas estas experiências que citou me identifiquei em todos elas lendo e relembrando dos fato como se fosse mesmo comigo, de fato não nos levam mesmo a sério como profissionais pronto a prestar um trabalho serio e admirado por milhares, O lance de “você só toca não trabalha não” eu fico pasmo com a pergunta feita sempre, bom pelo fato de nosso trabalho ser admirado tanto devem achar que não fazemos força ou temos desgastes físicos em nossas apresentações até que nos divertimos sim sempre ainda mais fazendo o que gosta não é verdade? O lance do curso superior não vejo tanto pesadelo, afinal um ótimo mestre de obras não poderia dar aulas em escolas ou universidade sem o diploma de engenheiro civil, MAS não impediria de alguém se interessar em procura-lo para aprender como se constrói, e assim como um ótimo musico sem curso superior. O couvert este é um mito, bom vejamos o estabelecimento não é do musico o energia quem paga é o dono da casa, os impostos de nota fiscais e direito autorais (ECAD) quem paga é a casa acho que se combinado e muito bem conversado o dono da casa poderia sim levar alguns lucro em cima do musico tudo pode ser negociável. E de fato alguns músicos mancham a imagem de toda classe, já presenciei barbarias feitas por músicos em hotéis e casas de show verdadeiras molecagens. De fato a refeição é um modo gentil de receber o artista, mas já vi músicos extrapolarem nos pedidos, acredito que o artista está ali para prestar um trabalho não se aproveitar da situação, a refeição tem que ser negociada nada mais justo. Mas acho muito difícil das coisas mudarem culturalmente, as pessoas não sabem reconhecer uma boa musica e a atração maior de um bar ou restaurante ainda será o torresmo e a cerveja, o rodízio de carnes, nos ficamos naquele cantinho só pra ajudar a passar o tempo na noite, mas ainda encontramos um ou duas pessoas daquele antro de degustação que aplaude e presta a atenção, enfim tudo esta errado deste quem faz quem recebe e quem deveria curtir e eu é que não vou morrer e passar mal por causa de tanta gente sem sensibilidade, ética e senso. PARABENS PELO BLOG E PELO TEXTO!!! Ângelo Thomaz, Musico compositor e interprete.

Anônimo disse...

Olá Michel,

Gostei muito de ler seu post sobre o Músico hoje, principalmente quando você dá possíveis soluções. Sou fisioterapeuta, atuando com práticas de prevenção manual mais conhecida como Biomecanica Funcional e com este trabalho pretendo desenvolver um aprofundamento especial para músicos, principalmente por ter a música muito presente no ritmo da minha vida.

Em seu texo chamou-me a atenção a frase que você cita de Jack DeJohnette, e eu gostaria de saber se você possui esta mesma frase em inglês.

Grato por tua atenção e resposta

Jorge Raphael Gatti P Rodrigues

Anônimo disse...

opa... esqueci de deixar meu e-mail para seu retorno: jrapha14@hotmail.com

AH também estou a sua disposição para apresentar a técnica de terapia corporal.

E claro, se você puder me falar mais um pouco sobre o Jack DeJohnette seria muito bom poder conhecer mais sobre sua história.

Michel disse...

Obrigado por postar: Angelo e Jorge.
Abraço,
Michel

3Seno disse...

Michel, gostaria de dizer primeiramente que sou um intenso admirador do seu trabalho, e de sua pessoa que é uma fonte inesgotável de musicalidade e inteligência!

Michel, sei que sua ética talvez nao permita dissertar acerca desse assunto, mas gostaria muito de saber como você vê aqueles músicos que possuem talento mas que por força de midia são obrigados a fazer como diz você "lixo embalado de música"?

Obrigado pela atenção!!!
Grande Abraço!!! SUCESSO SEMPRE!!!

Marcelo.

Anônimo disse...

Michel boa tarde!
Assino em baixo e faço das suas palavras as minhas palavras.Vc foi fundo na questão da humilhante situação do músico instrumentista brasileiro, que não passa de um operariozinho da música. Tudo o que vc aponta neste texto é a pura realidade, realidade que eu como músico também senti na péle de 1967a 1987.
Tomara toda a classe tivésse este ímpeto que vc tem para unir todos em direção a uma mudança do caótico cenário. Mas a classe é acomodada.
Eu burro insisti na profissão durante duas décadas e abandonei porque a certa altura me senti envergonhado de ser musicista e me sujeitar a divertir burgues em barzinho.
É ISSO !
São Paulo